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Espondilite Anquilosante
29 de March de 2017

Espondilite Anquilosante

  • Doenças

A Espondilite Anquilosante é uma doença inflamatória crônica que causa dor e rigidez nas costas, pescoço, quadril e calcanhar. O termo vem do grego: “espôndilo” quer dizer vértebra; “ite” é a terminação para inflamação; “anquilosante” é o que faz endurecer. Juntando tudo, temos: inflamação e endurecimento das vértebras.

Nunca ouvi falar desta doença! Ela é comum?

Embora pouco conhecida, ela não é tão rara assim. Atinge 1 a cada 1000 pessoas. E se considerarmos apenas as pessoas com dor lombar crônica (isto é, com duração superior a 3 meses), a prevalência sobe para 1 a cada 20 pessoas! Vale lembrar que é uma das poucas doenças reumatológicas que afetam mais homens do que mulheres.

Quais os sintomas?

O sintoma mais comum é a dor lombar com as seguintes características:

  • Inicia na idade adulta (entre 20 e 30 anos);
  • Apresenta curso lento e progressivo (inicia leve e vai piorando aos poucos);
  • Duração superior a 3 meses;
  • Piora após o descanso (ao se levantar da cama, pela manhã);
  • Melhora com movimentos;
  • Pode irradiar para as nádegas;

Limitação da flexibilidade da coluna, com dificuldade para calçar meias e sapatos. E à medida que a doença vai atingido a região superior da coluna, o paciente começa a apresentar distúrbio na postura (corcunda cervical).

Dor, rigidez e limitação de movimentos também podem ocorrer em outras articulações, tais como quadril, joelho, calcanhar e ombro.

Sintomas gerais, como fadiga, sonolência, ansiedade e depressão, podem estar presentes, uma vez que são comuns nas doenças crônicas.

Problemas não articulares podem fazer parte da doença, principalmente lesões oculares (uveíte e irite) e problemas respiratórios (por conta da redução da expansibilidade do tórax).

Diagnóstico

Não existe um exame específico que permita, isoladamente, identificar a doença. Depende da combinação entre os sintomas, alterações de mobilidade no exame físico (Teste de Schober), exames laboratoriais (principalmente, HLA-B27), alterações radiológicas (Raios-X e Ressonância Magnética). A análise criteriosa destes dados pelo médico assistente permitirá fazer o diagnóstico.

E como avaliar a gravidade?

A Espondilite afeta o cotidiano de diversas formas. A rigidez articular dificulta tarefas simples, como trocar de roupa, levantar do chão, subir escadas, olhar por cima do ombro, fazer tarefas domésticas, entre muitas outras. Existem alguns questionários utilizados para avaliar a quantidade do comprometimento da doença à vida do paciente. Um bastante comum, conhecido como BASFI, pode ser encontrado aqui http://www.asas-group.org/clinical-instruments/clinical_instruments/asas_basfi_pt.pdf

Tratamento

Até o momento, a Espondilite não tem cura. Por isso, o tratamento deve ser individualizado para cada paciente, baseado nas características e gravidade da sua doença. Envolve os seguintes princípios:

Fisioterapia, atividade física e reeducação postural

O exercício físico deve ser iniciado o mais rápido possível após o diagnóstico. Deve envolver fortalecimento axial, preparo cardiovascular, fortalecimento isométrico (exercitar o músculo mantendo uma posição, em vez de movimentá-lo), alongamento e alguns movimentos dinâmicos. Pode ser feito no solo ou na água. A reeducação postural também é muito importante, na medida em que a doença tem a tendência de deixar a coluna cifótica (com corcunda).

Medicamentos

Os medicamentos têm os objetivos de aliviar a dor e retardar a progressão da doença. Procure o seu médico para orientá-lo sobre eles.

Cuidados

O risco de fratura de coluna, com lesão medular, é maior na Espondilite Anquilosante (por conta da fusão vertebral e da rigidez). Por conta disso, algumas medidas de segurança devem ser tomadas, no sentido de minimizar o risco de quedas e de traumas da coluna:

  • Evitar o consumo de álcool e o uso de sedativos (por reduzirem a atenção);
  • Retirar tapetes, fios e qualquer tipo de pequenos objetos no chão que possam fazê-lo tropeçar;
  • Usar travesseiros baixos (para evitar o trauma cervical);
  • Evitar esportes de contato e outras atividades perigosas;
  • Usar sempre o cinto de segurança

Grupos de apoio

Conversar com pessoas portadoras da mesma doença e com profissionais envolvidos no seu manejo ajuda a entender melhor a doença, a aprender a lidar com as suas diversas dificuldades e a superar os transtornos psicológicos associados a ela. Uma busca no Google retornará muitas opções. Alguns bons lugares para começar são:

Espondilite Brasil (http://www.espondilitebrasil.com.br) site do professor Samuel Oliveira, é parada obrigatória para quem quer saber mais sobre a doença e sobre o impacto na vida de quem a tem.

A história da Espondilite Anquilosante na vida do professor Samuel Oliveira você encontra aqui (http://www.espondilitebrasil.com.br/um-breve-relato-de-minha-historia/). Eu recomendo sinceramente que você reserve uns minutos de sua vida para ler este relato. É uma daquelas histórias que você não consegue parar de ler, querendo ver o que vai acontecer em seguida. E acima de tudo, é impossível você terminá-lo sem mudar, pelo menos um pouquinho, a sua visão do mundo e da vida.

Confira também a página da comunidade Espondilite Anquilosante Brasil no Facebook (https://www.facebook.com/espondilitebrasil/?fref=ts)

Um site bem completo sobre o assunto, inclusive com dicas de exercícios físicos, é o da Sociedade Inglesa de Espondilite Anquilosante (http://nass.co.uk)

Conclusão

A Espondilite Anquilosante é uma doença reumatológica que causa um impacto muito grande na vida de que a tem, pois, além de ser debilitante e progressiva, não possui cura definitiva, ainda. Por isso, o envolvimento dos familiares e amigos no tratamento é de fundamental importância para se conseguir uma qualidade de vida para quem é portador.

Dr. Adriano Brandão
CRM 17.468/PR